sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

ESPAÇO TERAPIA com o psicólogo "Victor Hugo Gonçalves" - A função paterna e a Educação


As novas configurações familiares fruto das constantes mobilizações sociais têm enfrentado demandas antes inimagináveis. A velocidade com que o capitalismo nos obriga a realizar mudanças em nosso modo de pensar, agir e se organizar faz com que nos deparemos com "novas angústias".

Neste momento gostaria de dar minha contribuição à Educação expondo algumas, mesmo que resumidas, características da Função Paterna como grande viés de educação e cultura.

Na teoria psicanalítica estudamos as funções paterna e materna como grandes formadoras da estrutura da personalidade. Vejam que são 'funções', ou seja, qualquer pessoa pode exercê-la e mais comumente, até por questões óbvias, são desempenhadas pelos pais ou responsáveis. Esta importante função paterna que recortaremos neste artigo consiste na invasão do Outro na díade mãe/filho em uma certa fase de desenvolvimento.

Desta maneira, a Função Paterna, de início apresenta à criança de uma forma intrusiva e fálica, a realidade externa, o Outro, a sociedade, as regras, normas e a cultura. Reforçando os limites entre real e imaginário, entre desejo e censura, abrindo um leque de possibilidades de um novo mundo à criança envolvida. Também a mãe é beneficiada, pois ao receber esta interrupção acaba por ter mais espaço para si mesma já que o vínculo simbiótico entre mãe e filho torna-se mais flexível.

Ao submeter-se à autoridade da função paterna, esta criança interiormente estará mais flexibilizada a receber novas informações, novos padrões, novas aprendizagens, enfim, buscará sua identidade social motivada pelo processo de identificação que começa a desenvolver-se com um de seus cuidadores, afinal, todos querem ser amados e temem perder estes laços afetivos. Nada mais lógico do que buscar inserção neste novo mundo através dos exemplos parentais que a vida lhe oferece.

Toda esta dinâmica nos faz refletir sobre a importância da Função Paterna que nada mais é que um preparador para os processos de aprendizagem e futuro convívio escolar com todas as normas e leis existentes. Então nos vem a pergunta: todas estas mudanças que a sociedade global gera em nossa realidade externa e interna está preparando nossos descendentes para lidar com as dificuldades cotidianas, com as frustrações inerentes a vida em sociedade? Nossas crianças estão aptas para aprender e respeitar limites e 
regras?

Com certeza, sem cuidadores que exerçam as funções básicas para nosso bom desenvolvimento psíquico tudo se torna mais difícil e sofrível a não ser que comecemos a voltar nossos olhares para dentro de nossas casas e instituições sociais a fim de repensarmos o que realmente vale a pena neste mundo porque, no final das contas, nossa bases de referência se iniciam de dentro para fora.

Victor Hugo Gonçalves Santana
Psicólogo
Clínica Viver - Rua Antônio Marinho 5-10, telefone 
(18) 32818955, Presidente Epitácio-SP
Comentários e sugestões: victorpsyco@gmail.com

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