quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

INTRIGANTE ENTREVISTA - Marco Willians Herbas Camacho numa suposta entrevista pelo "O Globo"



O GLOBO: Você é do PCC?

- Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível… vocês nunca me olharam durante décadas… E antigamente era mole resolver o problema da miséria… O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, ralas periferias… A solução é que nunca vinha… Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós? Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a “beleza dos morros ao amanhecer”, essas coisas… Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo… Nós somos o início tardio de vossa consciência social… Viu? Sou culto… Leio Dante na prisão…

O GLOBO: – Mas… a solução seria…

- Solução? Não há mais solução, cara… A própria idéia de “solução” já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio? Já andou de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução como? Só viria com muitos bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa vontade política, crescimento econômico, revolução na educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma “tirania esclarecida”, que pulasse por cima da paralisia burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice (Ou você acha que os 287 sanguessugas vão agir? Se bobear, vão roubar até o PCC…) e do Judiciário, que impede punições. Teria de haver uma reforma radical do processo penal do país, teria de haver comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e federais (nós fazemos até conference calls entre presídios…). E tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança psicossocial profunda na estrutura política do país. Ou seja: é impossível. Não há solução.

O GLOBO: – Você não têm medo de morrer?

- Vocês é que têm medo de morrer, eu não. Aliás, aqui na cadeia vocês não podem entrar e me matar… mas eu posso mandar matar vocês lá fora…. Nós somos homens-bomba. Na favela tem cem mil homens-bomba… Estamos no centro do Insolúvel, mesmo… Vocês no bem e eu no mal e, no meio, a fronteira da morte, a única fronteira. Já somos uma outra espécie, já somos outros bichos, diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração… A morte para nós é o presunto diário, desovado numa vala… Vocês intelectuais não falavam em luta de classes, em “seja marginal, seja herói”? Pois é: chegamos, somos nós! Ha, ha… Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né? Eu sou inteligente. Eu leio, li 3.000 livros e leio Dante… mas meus soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto desse país. Não há mais proletários, ou infelizes ou explorados. Há uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas brechas da cidade. Já surgiu uma nova linguagem.Vocês não ouvem as gravações feitas “com autorização da Justiça”? Pois é. É outra língua. Estamos diante de uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, internet, armas modernas. É a merda com chips, com megabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie social, são fungos de um grande erro sujo.

O GLOBO: – O que mudou nas periferias?

- Grana. A gente hoje tem. Você acha que quem tem US$40 milhões como o Beira-Mar não manda? Com 40 milhões a prisão é um hotel, um escritório… Qual a polícia que vai queimar essa mina de ouro, tá ligado? Nós somos uma empresa moderna, rica. Se funcionário vacila, é despedido e jogado no “microondas”… ha, ha… Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes. Nós temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês vão de três-oitão. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos transformam em superstars do crime. Nós fazemos vocês de palhaços. Nós somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas armas e produto vêm de fora, somos globais. Nós não esquecemos de vocês, são nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o surto de violência.

O GLOBO: – Mas o que devemos fazer?

- Vou dar um toque, mesmo contra mim. Peguem os barões do pó! Tem deputado, senador, tem generais, tem até ex-presidentes do Paraguai nas paradas de cocaína e armas. Mas quem vai fazer isso? O Exército? Com que grana? Não tem dinheiro nem para o rancho dos recrutas… O país está quebrado, sustentando um Estado morto a juros de 20% ao ano, e o Lula ainda aumenta os gastos públicos, empregando 40 mil picaretas. O Exército vai lutar contra o PCC e o CV? Estou lendo o Klausewitz, “Sobre a guerra”. Não há perspectiva de êxito… Nós somos formigas devoradoras, escondidas nas brechas… A gente já tem até foguete anti-tanques… Se bobear, vão rolar uns Stingers aí… Pra acabar com a gente, só jogando bomba atômica nas favelas… Aliás, a gente acaba arranjando também “umazinha”, daquelas bombas sujas mesmo. Já pensou? Ipanema radioativa?

O GLOBO: – Mas… não haveria solução?

- Vocês só podem chegar a algum sucesso se desistirem de defender a “normalidade”. Não há mais normalidade alguma. Vocês precisam fazer uma autocrítica da própria incompetência. Mas vou ser franco…na boa… na moral… Estamos todos no centro do Insolúvel. Só que nós vivemos dele e vocês… não têm saída. Só a merda. E nós já trabalhamos dentro dela. Olha aqui, mano, não há solução. Sabem por quê? Porque vocês não entendem nem a extensão do problema. Como escreveu o divino Dante: “Lasciate ogna speranza voi cheentrate!” Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno.

4 comentários:

  1. Com tanta cultura, ele até poderia ser ótimo professor, pena que se paga tão pouco, vale mais a pena ser chefe do narcotráfico.(Isso foi uma piada, humor sarcástico).
    Ele lê Dante, meus filhos nunca leram Dante, pelo menos não na escola.
    E assim seguem formando sua própria estrutura como ele mesmo disse “cultivado na lama”, eles se educam e descobriram de uma forma torta, que ter conhecimento é bom.Bom para ser usado nos seus interesses, onde só ser BOM, não é interessante para uma gente que está acostumada a ser pisoteada.Baseado no paradigma dos excluídos, ele atinge o seu sucesso, seu “OSCAR” da marginalidade, empolgando seus súditos (milhões de adolescente sem futuro que se espelham,igual filho ao pai ). Geralmente aparecem vestidos de modo correto, eu diria, impecável, em seu uniforme fashion de comandante-chefe veste uma camiseta “da hora”, traz muitas vezes correntão reluzente pendurado no pescoço, e em geral ostenta um carrilhão de pulso, Big-Ben portátil, de dar inveja ao Faustão e ao posar para a foto, exibiu, na expressão facial, a convicção de sua importância, de sua grandeza, de sua extrema relevância. Alguns psicólogos - correndo atrás de explicações comportamentais nem sempre encontradas nestes novos tempos - dizem que a conquista da relevância é o desesperado anseio dos anônimos.
    Hoje esse cidadão do crime se dá ao luxo de rir de uma grande parcela - torta, intelectualóide e falida, vendida , gente que se acha TOP 10 do pensamento intestinal, tribo de uma presunção sabichona, intelectual e politizada, e que, por covardia cacareja o “politicamente correto”, vem deixando uma trágica e odiosa herança moral, ética, cívica, política e cultural aos jovens .
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  2. Pois é, depois de uma dessa, se pensarmos bem será que vale a pena lutar por seus ideais e tentar melhorar o lugar aonde se vive no pouco tempo que nos resta, ou arregaçar as mangas e chamar a atenção do povo, fazer com que abram os olhos, olhos estes que estão abertos apenas para se ver o que bem quer, sendo que Deus lhes deu tudo que temos nesta terra.
    Eu acredito que é possível mudar.
    Quando nos lemos na Bíblia sagrada que o Mundo irá acabar em fogo, no exato momento tememos, logo depois muitos seguem enfrente como se nada estivesse por vir.
    Ai é que esta o erro, deveríamos cuidar daquilo que Deus nos deu, e não destruí-los, como por exemplo o meio ambiente, que Deus nos deu uma natureza perfeita e hoje o que o homem fez?
    Podemos ate mesmo mostrar a Deus que nos podemos ser melhores e mudar esta sina, cuidando para que o mundo não se acabe mostrando a Deus que podemos ter um mundo melhor pessoas melhores. Basta querermos, mas tudo isso depende de nos.
    Será que não podemos ser unidos para praticar o bem, Deus diz que aonde à amor ele esta presente. Aonde a amor pelo próximo neste mundo de hoje?
    Doenças, miséria, uma politica absurda, que temos que dar um basta, trabalha-se muito para se pagar muito para o governo que não nos da retorno em NADA. Sabemos que o ser humano foi aos poucos desacreditando em tudo.
    Só existe a palavra EU, EU, EU, EU, EU...e mais EU.
    A vaidade material e carnal tomou conta.
    Mas mesmo assim acredito que podemos mudar tudo isso basta, querermos.
    Podemos sim fazer a diferença, como a formiguinha que de grão em grão de terra, constrói seu lar.
    Sabemos também que é para poucos o esclarecimento, em sua maioria a mídia manipulada por políticos oculta as verdadeiras informações da administração pública em geral, só se aparece realmente os escanda-lós, os teores mais importante as destinações das arrecadações os benefícios ao povo, isso tudo fica oculto.
    Deixem de ser mórbidos, vamos juntos fazer a diferença.

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  3. Por favor, poste o link da fonte da matéria original. Dificil imaginar alguém com tamanha eloquência em uma entrevista. Se isso for real, ele é um gênio, uma mente brilhante arquiteta do crime e eu não acredito nisso... Supervilão só no Batman.

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  4. Isso é um tapa na cara da sociedade onde já se viu bandido mandar fazer e acontecer??? Estão pos graduando bandido na cadeia

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