domingo, 5 de janeiro de 2014

EU OLMO LER - Elogio a loucura [ERASMO DE ROTTERDAM]

O autor
Desidério Erasmo, conhecido como Erasmo de Rotterdam. Nasceu em Rotterdam (1466), no condado da Holanda. Estudou no convento de Bois-le-Duc, depois ingressou no convento agostiniano de Steyn. Consagraou sacerdote em 1492. Como secretário do bispo de Cambrai esteve em Roma e depois obteve permissão para ir estudar em Paris, onde recebeu o grau de doutor em teologia.

A convite, parte para a Inglaterra, animado por conhecer Oxford. Lá, torna-se amigo de Thomas More ou Morus. Sob influência de More e de John Colet, Erasmo começa a conceber o projeto de restaurar a teologia.

Em 1509 na casa de More, escreve a obra "Elogio da loucura" que pretende criticar os costumes dos homens sem atacar ninguém pessoalmente.

Sempre envolvido com a questão religiosa, foi contemporâneo de Martinho Lutero (biografia aqui), no qual de certa forma influenciou a reforma, apesar de ser contrário em muitos aspectos dela.

Sempre erudito e vivendo em tempos de conflitos religiosos e políticos, Erasmo tenta impor seu pensamento, fundamentado na tolerância e no ideal do internacionalismo. Foi um grande crítico da escolástica.

A época
Uma importante observação para entender o livro é a época em que foi escrita: "A Resnascença", fins do século XIV e começo do XVII e o humanismo, movimento intelectual que germinou durante o século XIV, no final da Idade Média.

A Deusa
Erasmo cria uma deusa de nome "Loucura", responsável segundo ele pela felicidade do mundo. Filha de Plutão, deus da riqueza, nasceu do prazer e o amor livre.

A mistura com referências a mitologia grega, filosofos e poetas desta época é forte e serve de base para Erasmo passear com suas idéias e de crítica a sociedade.

A "Deusa Louca" de Erasmo é que dá prazer ao mundo, principalmente aos estúpidos e preguiçosos. Por isso ela não gosta dos intelectuais e erutidos. Acredita que o mundo fica triste com eles, Erasmo real é intelectual e erudito, faz se então uma ironia com a sociedade que desvaloriza os sábios em relação a atitudes animalescas.

"Tudo o que fazem os homens está cheio de loucura. São loucos tratando com loucos. Por conseguinte, se houver uma única cabeça que pretenda opor obstáculo à torrente da multidão, só lhe posso dar um conselho: que, a exemplo de Timão [filósofo], se retire para um deserto, a fim de ai gozar à vontade dos frutos de sua sabedoria"

A loucura
"É que, em geral, dizemos ser louco todo aquele que, sendo curto de vista, toma um burro por jumento, ou que, por ter pouco discernimento, considera excelente um mau poema."

A loucura que Erasmo cita, tem variantes que em geral se refere a atitudes humanas pouco nobres. Estas variantes permite ao autor navegar pelo mundo da sociedade humana, sem citar nomes, mas com forte critica.

Assim temos vários "tipos" de homens, segundo Erasmo, que são consumidos pela Deusa da Loucura. Os que só pensam em dinheiro, os que só pensam em poder, os que não gostam de trabalhar, os bêbados, os fanáticos religiosos, negociantes, vendedores, jogadores, os sofistas e dialéticos, entre muitos outros.

"Não podeis sequer imaginar os horrores e as revoluções com que enche a terra esse animalzinho, tão pequeno e de tão pequena duração, que vulgarmente se chama homem".

Segundo a Deusa da Loucura, algumas pessoas não possuem tanta loucura assim, caso de poetas e pintores, pois suas profissões por si só são cheias de loucuras e conseguem vender aos tolos (referência a fabulas e ao um mundo irreal) seus produtos e serviços.

O Elogio
Bem o tom de ironia de Erasmo é enorme por isso ele não fala mal da Loucura, essa enraizada em todo homem. E sim agradece por ela existir.

Um panorama cego ou como diz Erasmo de "vista curta", a Loucura é a alegria da humanidade. Mas não tenho dúvida que seu sorriso é sarcástico.

A Religião
Erasmo em toda sua obra e principalmente no final dela tem uma critica especial aos religiosos, em especial os católicos, religião oficial da época.

Algumas críticas, muitas com razão, se refere aos costumes da fé do povo daquele tempo que não é muito diferente de hoje. Um exemplo muito usado na obra é sobre a fé dos religiosos nos santos e a entrega a Deus, via oração, de uma salvação. Critica Erasmo da falta de caridade em vida e do amor ao próximo, esquecida no término da missa.

As observações (criticas) passam por todos, do sacerdote até o papa. Do fiel até o teólogo.

Essas críticas a Igreja Católica, movimentaram muito a época, tempo de conflitos religiosos e políticos. Em virtude disto Erasmo era visto por Martinho Lutero como um progressista e foi um grande inspirador da sua reforma protestante. Erasmo era favorável as mudanças mas discordava por exemplo do livro-arbítrio de Lutero (base do protestantismo). Isto gerou uma ruptura entre ambos.

Concluindo
Em geral Erasmo, faz críticas ácidas ao comportamento humano.

Para ficar claro, Erasmo faz comparações de determinadas profissões e declara a Deusa da Loucura como responsável pelas atitudes mais animalescas desses individuos. Ou segundo ela as atitudes mais prazerosas.

Essas atitudes animalescas nada mais são que atitudes reais e corriqueiras da nossa sociedade.

Deste modo Erasmo consegue falar sobre quase tudo e todos do seu tempo.

Penso que Erasmo de todo modo não foge da razão, pois a Loucura sempre acompanhará a nossa humanidade.

Livro escrito em 1509, traz reflexões atualíssima da nossa sociedade que continua com a loucura de guerras, fomes, violência, corrupção, pedofilia, estupros, entre outras.

Acredito que Erasmo, vivo em nosso tempo, faria sua critica especial aos políticos de hoje.

Seres mais loucos que esses não conheço!




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