terça-feira, 7 de janeiro de 2014

CRÔNICA DO OLMO - Qual o guri que nunca ralou os joelhos? - FERNANDO OLMO

"Queria voltar a ser criança, porque os joelhos ralados curam bem mais rápidos que os corações partidos". SÃO MARCOS

Em ritmo de férias escolares, meu rei me convida pra pedalar. Percebo a animação do menino e logo defino o roteiro. 
- Filho, precisamos ir ao centro da cidade, mas que tal irmos pela orla? - pra a gente aproveitar apreciar o esplendoroso Rio Paraná.
- Êba, pai. Vamos nessa! Tô ansioso pra gente sair... 
E, saímos pedalando, pedalando alegremente as nossas bicicletinhas... 
- Arthur, não corre não, filho! - brado eu para freá-lo um pouco mais...
E, ele não correu, não. Resolveu ziguezaguear com a "reca" e a cerca de uns 500 metros de casa, perdeu o controle e estatelou-se no chão.
Corri, vi se ele estava inteirinho. Tinha só umas escoriações nos joelhos, nos cotovelos, no nariz, perto da boca, no queixo, um susto, um choro meio berrado - de dor, né. Abracei-o! Acalmei-o! Um cidadão chegou perto e perguntou se precisava de ajuda. 
- Não. Não precisa, não. Pai, me leva embora... - impressionantemente, agradeceu ao apoio do nobre cidadão. 
- Filho, estamos com as "bikes" por aqui. Dá para caminhar? 
E, bem naquele momento passou por nós a viatura do resgate do Corpo de Bombeiros. 
- Pai, será que é pra mim? Será que alguém chamou o resgate pra mim?
- Não sei filho. Acho que não. - obviamente não era pra ele. Aquela viatura passou por ali por acaso. 
- Pai, vamos indo a pé, me ajuda? Não quero ir de resgate não...
E no caminho fui o encorajando, dizendo que isso já aconteceu comigo e tal.
- Filhinho, sabe que na guerra é pior. Além de resgatar o companheiro, é preciso livrar dos tiros e das bombas - sei lá de onde saiu isso... Acho que inconscientemente me lembrei do filme "A vida é bela". 
- Papai, eu já te disse que não quero servir o Exército - com a cara franzida me devolveu o pequeno guerreiro...
Nesse trajeto, sequer um choramingo ele deu. Quando chegou em casa, ao deparar-se com sua mãe, teve um recaída - é assim mesmo... Ai sobrou: 
- Ai meu Deus, o que aconteceu, o que foi isso Arthurzinho? - aos berros a "mamãe coruja" com as mãos na cabeça se assustou. 
- Nêga, ele caiu! - temendo represália, logo tentei explicar.
- Ah, isso só aconteceu porque foi junto com o seu pai. - aborrecida minha esposa queria arrumar um culpado. E veja só, quem mais poderia ser?
Isso mexeu comigo de uma certa maneira que não me restou outra alternativa pra acabar com o drama:
- O que que é isso, amor?... Calminha! - e o medo do sapeca. Vamos lá cuidar do menino!
Depois do banho, de umas gotas, do spray, da pomada e de muito carinho ele já até ensaiava uns pulos? Já tava tudo bem de novo... Graças a Deus!
Qual o guri que nunca ralou os joelhos, gente?



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